O relógio acaba de marcar 10 horas
e eu sinto aquele frio dentro de casa.
Tenho sono, e a alegria bateu asas
por vã besteira que se apossou agora.
Sinto-me pássaro numa não sonora
manhã silenciosa e aquecida
por majestoso sol, que minha lida
torna mais colorida com a demora.
Sentado na cadeira confortável, um bocejo
solto atrás de outros bocejos, e um lampejo
parece querer me deviar de triste curva:
– Larga tudo e te deitas, que ainda é cedo
e, se não há trabalho, não trabalhe o medo
porque o frio há de passar e a visão ficar menos turva.
Aproveita o que Deus dá, nada ele tira
e cada um se vira como pode, mas não pira
desnecessariamente em meio a uma crise,
é bom que à tua ansiedade isso se frise.